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Brasileiro Gosta de Super-Herói!
Por Roberto Guedes
16/08/2005

Detalhe da arte da capa do livro A Saga dos Super-Heróis Brasileiros 

No mundo "preto e branco" dos quadrinhos brasileiros, as cores de nossos super-heróis sempre pareceram desbotadas. Desamparados em nível editorial, boa parte deles esteve longe das grandes tiragens e de uma divulgação apropriada. Os "super-brasucas" desde sempre sofreram com o descaso e preconceito de público e crítica. Uma triste realidade que, convenhamos, chega a ser um luxo, já que não temos lá, um mercado forte e característico para desprezar os poucos corajosos que ainda tentam mostrar alguma coisa.

Por outro lado, tal atitude é compreensível, ainda mais quando lembramos do surgimento de nossos primeiros super-heróis. Logo de cara, eram colocados à prova, ou seja, comparados ao produto estrangeiro - o que evidenciava o despreparo de nossos autores - tanto no quesito arte, quanto na temática. O enredo das tramas era fraco e os desenhos pobres. Parecia não haver uma linha editorial definida, tampouco uma preocupação com o visual das capas. Com certeza, não havia revisão de texto, muito menos um trabalho de copidesque. Era evidente que muitas dessas editoras não dispunham de profissionais gabaritados para cumprir tais funções.

Mas havia exceções. Obras que se destacaram das demais por apresentarem textos bem construídos e inteligentes, ou ainda, pela qualidade da arte. Verdadeiros produtos que, por um determinado período de tempo, geraram burburinho, receita, cativaram um público leitor e, mais importante, propiciaram aos seus autores a chance de "darem o seu recado"!

Hoje em dia, já há um consenso geral que as coisas melhoraram um pouco, entretanto o caminho a trilhar ainda é longo. Embora atualmente, a aceitação ao quadrinho brasileiro seja maior, estamos longe de uma produção industrial, como é o caso nos Estados Unidos e Japão.

Quando Mauricio de Sousa se organizou e encontrou recursos para distribuir seus próprios quadrinhos, ele cresceu. É claro que hoje a situação é bem diferente. As marcas registradas em que os super-heróis americanos e os personagens de animês se tornaram, por si só, já garantem o mínimo de retorno financeiro às editoras. Ninguém vai querer investir tempo e dinheiro no seu (desconhecido) personagem. Se alguém não aparecer com uma proposta muito boa, não terá como convencer os editores brasileiros a publicarem seu material.

Tentativas isoladas de lançamento - no caso, com o gênero super-herói - são cada vez mais raras, e em geral, não dão em nada. Parece coisa de gente caprichosa... que insiste em querer fazer prevalecer um gosto todo particular. Os inquisidores de plantão logo arrotam seu preconceito: "Outra tentativa 'cópia-carbono' de gringo acaba de sair!", isto é, quando se dignam a tecer comentários...

Talvez a saída seja "mascarar" nossos heróis com outros formatos, como a editora italiana Bonelli Comics faz: Zagor, Dylan Dog, Mágico Vento entre outros... tais personagens, de certo modo, são os super-heróis deles. São publicados num formato diferente do americano, com um outro tipo de linguagem visual, etc. E são aceitos... há público para eles! Não subsistem devido à forte propaganda e merchandise, e muito menos de produções cinematográficas ou televisivas, caso comum na relação mangás/animês, só para ilustrar.

Muita gente pode alegar que esses quadrinhos promovem a cultura americana e não a italiana. Talvez, mas ninguém disse que o mundo era perfeito! Quer saber? Eles produzem seus próprios gibis, geram empregos... realizam sonhos! O que é preciso ficar claro é que, assim como os cowboys e os samurais, os super-heróis deixaram de ser - há muito tempo - produto de consumo de exclusividade estrangeira. Na verdade, eles pertencem a quem gosta deles... aos que lêem suas aventuras... aos que as produzem! E o quadrinhista brasileiro tem todo o direito do mundo de publicar seu próprio material... mesmo que for um gibi de super-herói...

Tá falado!

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