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Terra de Gigantes
Por Dark Marcos
21/02/2011

Em meados da década de 1950, a Mulher Maravilha era um caso peculiar diante das reformulações e adaptações da Era de Prata. Outros ícones da mesma editora, a DC Comics, já haviam apresentado profundas diferenças em relação a suas histórias mais antigas. Porém, Batman e Superman seguiram essa tendência por uma questão óbvia: foram alvos da censura macarthista justamente por serem exemplos exaustivamente citados (nesse reino, inclusive, Batman era Rei absoluto). Já a Mulher Maravilha pegava mais leve. Ou pegavam mais leve com ela por ser mulher. Não que tenha escapado da fúria da censura, claro.

A verdade é que a personagem teve uma mudança mais discreta, pois as características editoriais de sua própria revista mantiveram a mesma aparência desde a criação da personagem, em 1941. O principal fator que dá essa impressão é a longevidade do trabalho feito pelo desenhista Harry G. Peter (ou H. G. Peter), que veio sendo o responsável pela arte da revista da personagem desde a sua criação. Em plena Era de Prata, Peter ainda desenhava a personagem com o mesmo estilo utilizado anos antes (durante a Era de Ouro), inclusive no que diz respeito a acabamento e até mesmo o letreiramento das aventuras da heroína.

Já uma das diferenças (discretamente influenciada pela censura) estava na diminuição da carga de feminismo. Apesar de ainda ser uma heroína independente em suas aventuras, dava-se ao luxo de chorar quando descobria que seu amado, o Capitão Steve Trevor, estava em perigo. Era ela que sempre resolvia a situação. Sempre! Mesmo assim, não deixava de dar um “pitizinho” antes de sair salvando a pele do amado.

Esse enfoque já mostra a diferença no roteiro que, ao contrário da arte, não trazia do nome de seu escritor (e criador) original. No começo, William Moulton Marston, que além de escritor era psicólogo e afeito com as causas feministas, ao escrever as aventuras da personagem que criou, destacava o aspecto guerreiro da mesma. Já na Era de Prata, sob a “regência” do escritor Robert Kanigher, a personagem se dava ao luxo de ficar em “pandarecos” antes de enfrentar alguma ameaça (no qual seu amado quase sempre estava envolvido).

Na história “Island of the Giants” (Ilha de Gigantes), a aventura da Mulher Maravilha trazia uma curiosa mistura do clima da Era de Ouro com a ficção exagerada da Era de Prata. Não que esse clima não fosse usado antes, mas trazia mesclava épocas e alterava o clima das aventuras de forma mais gradual.

Steve Trevor (sempre ele), decide resgatar um cientista desaparecido e, também, acaba sumindo no processo, deixando Diana, sua colega nas forças militares e identidade secreta da Mulher Maravilha, aflita com o que aconteceu.

Ao tentar resgatar seu amado, a heroína descobre uma ilhota cercada por pássaros gigantes e peixes descomunais. Para se proteger dessas ameaças, o tal cientista criou um robô gigante, que acaba descontrolado e se tornando uma ameaça: além de capturá-lo, também está em poder do “heróico” Steve Trevor.

Usando de uma astúcia que é pura licença poética, a Mulher Maravilha consegue resgatar a dupla e passar pelos animais gigantes (tão na moda na década de 50), ainda sobrando espaço para a lição de moral da história: que o cientista, mesmo querendo se isolar do mundo moderno devido a sua agitação, nunca deveria ter feito isso, pois não se deve fugir dos problemas.

Nesse ponto, apesar da personagem mostrar-se emotivamente abalada no início, sempre terminava suas aventuras como se fosse para dar uma lição “ao mundo dos homens” ou aos censores da época.

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