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Entrevista: Michael Gregorio
Por Cadorno Teles
07/04/2008

O escritor Michael Gregorio está a conquistar leitores por todo o mundo com o seu personagem, o magistrado Hanno Stiffenis. Os seus dois últimos livros, Crítica da Razão Criminosa e Dias de Perdão estão, ao meu ver, entre os melhores thrilers históricos que já li; unir figuras como Kant e Napoleão com a ficção de mistério e investigação é uma tarefa sem igual para um escritor. Mas, na verdade, a pessoa do escritor Michael Gregorio não existe, ele é o resultado da idéia de uma dupla de professores (foto), Michael G. Jacob, professor de História e Daniela De Gregorio, professor de Filosofia, que comporam essa série com criatividade ímpar. O professor Jacob nos concedeu, ao Bigorna.net, uma entrevista que mostrará um pouco dessa sua capacidade.

Quando e como nasceu a literatura em sua vida? O que o levou a ser escritor? Atrás de um escritor existe um grande leitor?

É difícil imaginar qualquer escritor que NÃO seja um apaixonado leitor. Lego ergo sum! Nós lemos o tempo todo. Na verdade, quase não fazemos qualquer outra coisa! Daniela assiste filmes na televisão; eu assisto futebol. O resto do tempo, nós estamos lendo. Evidentemente, lemos o tipo de livros que escrevemos, ou seja, novelas de investigação criminal – crime fiction - de nossos rivais, mas também lemos outras coisas. Daniela Lê muito sobre filosofia, ensaios, história. Eu, por outro lado, leio história, biografias e assim por diante. Nós lemos aproximadamente por semana um par de livros.

Quais escritores estão em Michael Gregorio?

Michael Gregorio é essencialmente um escritor de mistério. Ou seja, ele cria um personagem, o coloca numa situação tensa e deixa o leitor atraído sobre qual será o resultado final. Michael é também um escritor de investigação criminal, ele tentará desvendar e explicar o tipo de "procedimentos técnicos" que um jovem magistrado poderia ter utilizado no período Napoleônico. Temos inventado charlatães, bruxos e feiticeiros, adivinhos, mulheres que interpretam ossos de aves, bem como "cientistas" que reconstroem rostos de mortos ou que reúnem órgãos para estudo forense. (...) O nosso herói, Hanno Stiffenis, usa nada mais do que a ciência e a tecnologia, que poderia estar à disposição de um magistrado na primeira década do século XIX.

Qual é a história por trás da história? Como se deu o processo de criação do protagonista Hanno Stiffenis?

Como é que isso aconteceu? Bem, nós tínhamos uma idéia promissora de um romance, mas não tínhamos tempo para o trabalho. Então, começamos a trabalhar a história semanalmente, com chá e biscoitos, o desenvolvimento do personagem e do enredo até que todos foram focados. E a história foi centrada em torno do jovem magistrado chamado Hanno Stiffenis. Agora, o que vem depois? Este é o grande mistério de tudo que escrevemos. Um dia, de repente, quando o chá estava frio, ele surgiu, sentou-se juntos a nós na cozinha. Hanno, como todas as pessoas inteligentes, é um homem à frente de seu tempo. Ele é um estudante de filosofia com uma alma negra, fascinado por Kant e pela lógica kantiana, mas que sente todos os impulsos humanos, que são claramente irracionais. Vive em um período turbulento – Napoleão e a Revolução Francesa estava a conquistar o mundo – e ele tenta encontrar o sentido para o seu mundo. Ele 'cresce' a cada livro, cada vez mais convencido do seu papel na vida, que é a luta contra o caos que o crime comete sobre a sociedade em que vive.

Como foi escrever os thrillers Crítica da Razão Criminosa e Dias de Perdão?

O fator mais importante em uma série de romances relacionados é que o personagem central, bem como todos os personagens secundários, devem ser desenvolvidos continuamente. Dias de Perdão segue Crítica da Razão Criminosa, e o nosso terceiro romance Heart of Stone (que estamos a terminar) leva história para um pouco mais além. A Prússia independente que foi descrito no primeiro livro, invadida pela França em 1806, após o desastre militar de Jena. Em Dias de Perdão, que acontecerá em 1807, Prússia é um país ocupado. Esta é a evolução do mundo em que o magistrado Hanno Stiffeniis vive e trabalha. Em Heart of Stone, a Prússia está ocupada há mais de dois anos, e todos os aspectos da sociedade prussiano mudam para o pior. Estamos fascinados pelo período histórico, pelo aparecimento do que chamamos atualmente de ideias 'modernas', pelas consequências dramáticas da invasão napoleônica de outros países, e pela reação prussiana a essa vergonha. Cada livro da série analisa o trabalho do magistrado Stiffeniis no contexto da presença opressiva estrangeira e ao nacionalismo e patriotismo cada vez mais violento, que marcará o renascimento da Prússia como uma nação independente, e que, naturalmente, dramaticamente, moldará a história da Europa no século XX.

Como se fundem o trabalho de professor de filosofia com o de escritor?

A Filosofia desempenha um papel importante, mas não uma grande parte, em nossos livros. Proporciona um background contra o qual os crimes violentos são jogados. Ela também fornece estratégias e formas de pensar que são fundamentais para nos ajudar a resolver os crimes, e permite Hanno para resolver os mistérios. Ao mesmo tempo, o pensar do Iluminismo prevê o código de ética e de responsabilidade que Hanno Stiffenis avalia contra si mesmo e perante os outros.

Qual epígrafe marca sua vida?

Como poderíamos escolher outra?: "Duas coisas enchem minha alma com admiração: o céu estrelado acima de minha cabeça e a lei moral dentro de mim" - Immanuel Kant (Königsberg, 1724 – 1804).

O Bigorna.net agradece a Michael Gregorio pela entrevista, concedida por e-mail e finalizada em 31.03.2008

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