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Resenha: Lugar Nenhum
Por Cadorno Teles
10/12/2007

Verdadeira unamidade nos Quadrinhos, Neil Gaiman, juntamente com Alan Moore, Frank Miller entre outros, é um dos grandes nomes da Nona Arte da atualidade. Suas histórias são sucessos de crítica e público, tanto nos Quadrinhos (Sandman; Livros da Magia), como na literatura (Deuses Americanos; Os filhos de Anansi), e mais recentemente no Cinema, como A Lenda de Beowulf, que roteirizou em parceria com Roger Avary, além do fantástico Stardust – O Mistério da Estrela Cadente. Gaiman foi caracterizado pelo Dictionary of Literary Biography como um dos dez maiores escritores vivos da pós-modernidade. Agora chega ao Brasil, pelo editora Conrad, uma obra que marca sua trajetória de escritor, o livro Lugar Nenhum (Neverwhere, tradução de Juliana Lemos, 384 páginas, R$ 55,00), um roteiro para uma série de televisão pela rede britânica BBC que levou a sua primeira incursão ao gênero romance.

Concebida originalmente como série em seis episódios, Lugar Nenhum é um conto de fadas moderno que chega em português, após uma década de seu lançamento. Não é uma história com a mesma criatividade que Gaiman teve em outros trabalhos, a qual estão inseridos os problemas dos sem-teto em grandes cidades. A história narra como Richard Mayhew, um jovem escocês que vive em Londres, com um bom emprego e irá se casar em breve, larga sua vida pacata para se tornar uma pessoa que não pertence a lugar nenhum, dai o título que Gaiman compôs e que a tradutora levou ao pé da letra. Tudo começa, em um certo dia, quando ia com Jessica, sua noiva para um jantar, ele encontra uma misteriosa garota de nome Door caída na rua muito ferida. Apesar dos protestos de sua namorada, decide ajudá-la. Após alguns dias, sua vida se transforma, ninguém o percebe, parece que se tornou invísivel para todas as outras pessoas, aquelas que notam sua presença não conseguem lembrar exatamente quem ele é. Fica sem emprego, noiva e casa, e deixa de existir para os habitantes da "Londres-de-cima" e encontra uma outra Londres, a de Baixo, onde tudo é diferente e o caminho para uma nova vida de perigo, aventura e mistério se inicia. Onde encontrará uma cidade labirinto subterrânea, povoada por monstros, monges, assassinos, nobre, párias e decaídos, com as estações de metrô londrinas existindo em meio à realidade e ao fantástico. Lá as estações têm o significado real de suas palavras, como Blackfriars, o lar dos Monges Negros, para citar um exemplo.

Gaiman usa um artificio muito encontrado em contos antigos, um personagem bem comum irá fazer uma viagem obscura a um lugar remoto como uma metáfora para chegar a uma compreensão de si mesmo. Assim o protagonista Richard buscará um novo sentido a sua vida longe daquele mundo que às vezes não entendia, de algo que estava faltando anteriormente. Apesar de ter a história convencional, e ao contrário de outros que tentaram escrever uma narrativa centrada na fantasia urbana, Gaiman cria uma estrutura comportada em Lugar Nenhum, e em Richard insere a sensação de estar verdadeiramente vivo pela primeira vez. Detalhista a cada página, o autor trata cada personagem, deste a moça boazinha aos assassinos malignos, com um cuidado, que seus traços e ações são logo interpretadas em primeira mão. Talvez seja reflexo dos Quadrinhos, onde a ambientação, os cenários e os personagens são vistos, enquanto na literatura há a necessidade de brotar essa imagem , algo que Gaiman faz com maestria. Retratando os sem-tetos, os desalojados, os excêntricos como ímpares do mundo real, e que criaram o seu mundo, onde têm identidade e uma finalidade, o criador das novas HQs de Os Eternos, faz de Lugar Nenhum uma maravilhosa jornada através de um vasto mundo subterrâneo cheio de maravilhas e horrores. Um livro que também aborda a viagem que cada um de nós pode fazer ao mundo de surpresas e medos que há dentro de nós. Aprecie a história e a idéia que Gaiman passa.

Curiosidades
Adequado pelo já oficial adaptador de Neil Gaiman (foto), Mike Carey, os Quadrinhos de Neverwhere (Lugar Nenhum) chegarão por aqui em 2008. Segundo a crítica na HQ a linguagem saiu melhor que no livro, principalmente pela arte de Glenn Fabry. Aguardaremos esse lançamento pela Conrad. O livro também será adaptado para o cinema, com direção de David Slade (o mesmo que dirigiu a adaptação da HQ 30 Dias de Noite). Na wikipédia em espanhol  há um verbete sobre o livro, com fichas de cada personagem, se quiserem conhecerem é só visitar.

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