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Resenha: Lucas da Vila de Sant'Anna da Feira
Por Matheus Moura
12/11/2010

Em meio ao Recôncavo Baiano emerge três novidades quadrinhisticas: Lucas da Vila de Sant'Anna da Feira (48 páginas, formato 21x28 cm, R$ 10,00), Área 71 (formato 17x26 cm, 38 páginas, R$ 3,50) e Kuei (14,8x21 cm, 48 páginas, R$ 3,00) - esses dois últimos serão detalhados no futuro. Todas as revistas são financiadas por leis de incentivos e realizadas pelo mesmo grupo criativo, tendo como um dos cabeças Marcelo Lima. Ele participa do texto das três. Em Lucas da Vila de Sant'Anna da Feira divide o roteiro e a pesquisa com Marco Franco (Penitência). Os traços estão a cargo de Hélcio Rogério, tendo ainda colaboração de Adalto Silva, com uma bela ilustração de terceira capa. 

Quanto a trama, a história é sobre o bandoleiro Lucas da Vila, um negro fugido que, nos anos predecessores a abolição da escravatura no Brasil, aterrorizou a região matando e violentado. Os autores comentam que o personagem é controverso, sendo caracterizado, muita das vezes, como um reflexo da própria época ou ainda como simplesmente um psicopata. Longe de traçar um dado perfil psicológico a Lucas da Vila, a dupla de roteiristas apenas apresenta-o aos novos leitores, revitalizando a memória da cultura local. Ponto positivo para esse trabalho é terem se posto a extensa pesquisa, a qual é apontada ao final do álbum como referência bibliográfica. O glossário e estudo de personagens encorpam os extras da edição.

Os traços são bons, apesar de simples. A diagramação das páginas é tradicional, seguindo o padrão, o comum que se vê em tantas outras HQs, não inovando nessa questão. No entanto, o maior problema está na parte escrita. O letreiramente, feito por Jefferson Loureiro, não é homogêneo, alternando muito o tamanho da fonte durante a história. Em alguns momentos ele ainda coloca o texto em locais não muito adequados. O balonamento também deixa a desejar, com balões quadrados e estáticos. As onomatopéias também não convencem sendo apenas letras jogadas no meio das páginas, não passando a real impressão de som.

Já com relação ao roteiro em si, o que provoca certa perda no conteúdo exposto é a limitação de espaço a qual os autores se impuseram. Das 48 páginas do álbum, apenas 30 são de HQs. Dessa forma, Marcelo e Marco foram obrigados a condensar – até demais – a história que propuseram a contar. O final, quando Lucas é condenado a morte chega abruptamente num momento da trama em que se deveria desenvolver mais as motivações psicológica e feitos do personagem. Da maneira como ficou, diferente do que comentam na introdução, a dupla acaba colocando Lucas da Vila, sim, como um psicopata, atormentado por maus tratos na infância e que passa a provocar, indeliberadamente, tormento semelhante naqueles que cruzam seu caminho.

Apesar das ressalvas, como primeiro trabalho, o trio se mostra competente e promissor. A esperança é que nas próximas HQs tenham espaço suficiente para desenvolverem melhor a trama.  Lucas da Vila de Sant'Anna da Feira pode ser encomendada pelo email lucasdafeirahq@gmail.com. Neste link é possível ver uma prévia do álbum.

 

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