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Shazan! A origem do Capitão Marvel
Por Gian Danton
26/04/2010

O Super-homem foi o iniciador e também o personagem símbolo da era de ouro dos quadrinhos, e, por mais que aparecessem mais e mais super-heróis, parecia que nenhum deles nunca iria ter fôlego para bater o Homem do amanhã. Isso até surgir o Capitão Marvel, o herói de maior sucesso da era de ouro.

O rei da era de ouro surgiu pela Fawcett, uma editora de um ex-oficial da I Guerra Mundial. Ele entrara no mercado publicando revistas de piadas, mas, diante do sucesso dos gibis, resolveu publicar também seu Super-homem. Assim, ele pediu ao editor Bill Parker e ao ilustrador C.C. Beck que se encarregassem da empreitada. Os dois criaram o Capitão Trovão. Para diferenciar, eles decidiram que as explicações para os poderes do personagem não seriam científicas, como no caso do Homem de aço, mas mágicas.

Assim, Billy Batson é um jovem repórter de rádio escolhido por um mago para ser campeão da verdade. Para se transformar, ele precisa dizer a palavra SHAZAN!, sigla que lembra heróis clássicos da mitologia (Salomão, Hércules, Atlas, Zeus, Aquiles e Mercúrio). Cada herói se relaciona a uma qualidade do herói. Assim, Salomão representa a sabedoria, Hércules a força física, Atlas o vigor, Zeus o poder, Aquiles a coragem e Mercúrio a velocidade.

Ao dizer pela primeira vez a palavra, um raio o atingiu e ele se transformou no mortal mais poderoso do planeta. O Capitão Marvel estreou na revista Flash Comics, numa edição distribuída a poucas pessoas, feita apenas para garantir os direitos sobre o personagem. Mas, para azar da Fawcett, uma outra editora lançou, no mesmo mês, uma revista com o mesmo nome. Assim, a revista precisou ter seu título alterado para Whiz Comics e o personagem foi lançado oficialmente em fevereiro de 1940, agora renomeado como Capitão Marvel. As histórias fizeram sucesso imediato, ameaçando rapidamente o reinado do Super-homem. A razão disso é que o personagem explorava muito melhor os limites (ou falta de limites) do gênero superheroiesco. Além disso, o desenho de C.C Beck até hoje enche os olhos dos fãs. Para completar, havia os ótimos roteiros de Bill Parker, que depois seria substituído pelo igualmente competente Otto Binder.

Binder não só continuou a tradição de seu predecessor, como ainda tornou mais complexo o universo do personagem, introduzindo novos elementos em sua mitologia. Assim, o Capitão Marvel ganhou um companheiro, Capitão Marvel Jr., e uma companheira, Mary Marvel. O interesse dos leitores era tão grande que os personagens da família Marvel se espalharam por duas outras publicações: Wow Comics e Master Comics. Também havia toda uma gama de super inimigos para o Capitão Marvel, sendo essa variedade uma das melhores que já povoaram os quadrinhos (o único super-herói que rivaliza com ele, em termos de originalidade de seus inimigos, é com certeza o Batman). Dos adversários do Capitão Marvel, dois se destacam: o Dr. Sivana, descrito como o cientista mais maluco do mundo, que deu ao Capitão Marvel seu apelido mais famoso, o de Big Red Cheese (Grande Queijo Vermelho); e o Senhor Cérebro, uma minhoca verde de óculos, que se comunicava utilizando um amplificador de voz.

O sucesso acabou incomodando a National, que publicava o Super-homem, e esta entrou na justiça contra a Fawcett acusando-a de plágio de seu principal personagem. A batalha judicial prolongou-se durante anos, encerrando-se em 1953 com um acordo proposto pela Fawcett, que havia decidido, devido às baixas vendas de sua revista, abandonar a publicação de histórias em quadrinhos e dedicar-se a outras atividades.

Devido a esse acordo, o Capitão Marvel mergulhou no limbo durante o restante dos anos 50 e todos os anos 60 no mercado norte-americano, retornando a ser veiculado somente durante a década de 70. No Brasil, no entanto, ele foi republicado normalmente durante os anos 60, pela Editora Rio Gráfica, do Rio de Janeiro. E, no Reino Unido, teve até um substituto, o Marvelman, atualmente conhecido como Miracleman, um personagem que nos anos 1980 revolucionaria os quadrinhos nas mãos de Alan Moore.

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