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Ganhadores do Troféu Bigorna 2009
Por Marcio Baraldi
13/10/2009

UFA! Como voou o ano!!! Já "tamos" quase no fim de 2009 e chegou a hora de mais uma edição do jovem, atlético e charmoso Troféu Bigorna, o Homem do Martelo! Creio que no ano passado todos compreenderam qual é a filosofia do prêmio. É a mesmíssima do site, oras! Ou seja, valorizar e incentivar essa coisa que amamos tanto chamada Quadrinho Nacional! A política do site é conhecer e reconhecer TUDO que está sendo feito dentro do Quadrinho Brasileiro, do mais tosco fanzine ao mais internacional dos autores, tudo com o respeito e senso crítico que só quem REALMENTE PRODUZ QUADRINHOS é capaz de ter! Porque esta é a marca e diferencial do Bigorna: um prêmio e site criados e mantidos por profissionais que realmente escrevem, desenham, editam, e publicam Quadrinhos no Brasil! Gente que realmente está DENTRO do mercado e o conhece de Norte a Sul. Enfim, gente que FAZ e não que FALA, nem ENROLA! Bigorna continua e continuará fiel aos preceitos que definiu desde seu início, a saber alguns:
1-Não se transformará num grupo de compadres dando o prêmio descaradamente para si próprios;
2-Não "puxará o saco" de ninguém;
3-Não se concentrará em meia dúzia de autores ignorando muitos profissionais de longa e produtiva carreira;
4-Não deixará de premiar ninguém por conta de picuinhas pessoais eternamente não-resolvidas por adultos com cérebro de criança;
5-Não se concentrará apenas em autores do eixo São Paulo-Rio e fará justiça aos profissionais do Oiapoque ao Chuí;
6-Reconhecerá a contribuição e importância de autores produtivos mesmo que estes não apareçam frequentemente na mídia ou já tenham se retirado do mercado;
Enfim, Bigorna e um prêmio diferente, sem frescuras nem burocracias. Bigorna é claro, transparente. Direto, reto e correto. Bigorna é um premio sólido, que não se espatifa em mil pedaços ao cair no chão. Bigorna chegou pra mostrar que outra maneira de enxergar, compreender e fazer é possível! Enfim, sejam todos bem vindos à relação dos ganhadores deste ano. Nós, do Bigorna, achamos justíssimo o resultado. E vocês?

1) MELHOR DESENHISTA: LUKE ROSS
Conheço Luciano Queiroz desde que éramos uma cambada de garotos fanzineiros do ABC paulista sonhando em ser profissionais de Quadrinhos. Luciano trabalhou em fábricas, colaborou com Quadrinhos infantis e publicou em revistas como Pau-Brasil (editora Vidente) ainda com um traço amador. Porém, foi em 1994 que sua vida deu uma reviravolta total: ganhou a oportunidade de desenhar gibis para a norte-americana Continuity Comics, então editora do Mestre Neal Adams. A partir dali trancou-se no quarto e ralou até ficar com um traço profissional. Em pouco tempo mudou da água pro vinho. Chamou a atenção da Marvel e ganhou nada menos que o Homem-Aranha pra ilustrar, substituindo o grande Sal Buscema. Mudou o nome pra Luke Ross e virou um artista internacional top de linha. De lá pra cá cresceu sem parar em quantidade e qualidade até virar o virtuoso espetacular que é hoje. Um de seus últimos trabalhos, o Samurai, para a Dark Horse, é uma verdadeira obra-prima, de arrancar aplausos de qualquer amante da Nona Arte. Mesmo assim, estranhamente, ganhou um único premio em toda sua extensa e prolífica carreira, embora merecesse ter ganho muitos mais. Bigorna se curva ao exemplo de perseverança de Luciano e claro, ao seu gigantesco talento, e faz questão de conceder ao artista a importância que ele merece. Muito sucesso ao Incrível Luke, o monstro sagrado do Quadrinho Verde-Amarelo!

2) MELHOR ROTEIRISTA: ALVIMAR PIRES DOS ANJOS
Alvimar tem história na HQ nacional! Aliás muuuuitas histórias!!! No início dos anos 1980 foi um divisor de águas entre os fanzines brasileiros ao criar, escrever e editar a Factus, uma revista independente de ficção científica de altíssima qualidade, onde reunia a nata do Quadrinho brasileiro em ascenção: Mozart Couto, Emir Ribeiro, Deodato Filho, entre outros. A Factus hoje é um verdadeiro “cult” disputado a tapa nos sebos. Depois desenvolveu uma sólida e prolífica parceria com o soberbo Mozart Couto e passou a lançar vários albuns de seu personagem Gilvath, a melhor e mais duradoura série de ficção científica brasileira, que já está em seu sexto álbum. Apesar de excelente escritor de sci-fi, Alvimar ainda nao havia ganho nenhum prêmio até hoje. Bigorna vem para lhe fazer a justiça devida e para abrir os olhos do público e crítica para a importância deste mestre da HQB. E deixem de ser pão-duros e comprem todos os números do excelente Gilvath lá na Bodega do Leo. Parabéns, Alvimar!

3) MELHOR CHARGISTA: MAURÍCIO RICARDO (CHARGES .COM.BR)
Maurício Ricardo é, antes de mais nada, um visionário! Afinal, foi o primeiro chargista brasileiro a, em 2000, sacar o potencial da Internet (então uma mídia completamente nova e ainda desconhecida para a maioria dos mortais) como veículo para charges. Armado com um Adobe Flash, criou então a charge animada! Fundou o site CHARGES.COM.BR e entupiu a Internet com suas hilárias mini-animações onde ele mesmo fazia tudo: escrevia, desenhava, coloria, animava e ainda fazia todas as vozes dos personagens! Como o danado, além de desenhista, também é músico, tratou de cuidar das trilhas sonoras também. Enfim, um verdadeiro exercito de um Homem só! Seu trabalho foi tão novo e impactante que logo surgiram inúmeros outros sites com animações na sua cola, todos seguindo os passos e o modelo do professor Maurício. Mas o artista, não satisfeito, ainda colocou suas charges em horário nobre da TV, em vários programas como Big Brother Brasil, Fantástico, entre outros. Enfim, ao invés de ser mais um chargista no mercado, Maurício é o cara que dividiu águas nele e mostrou novos caminhos para a profissão. E isso tudo estando enfurnado lá no interior de Minas Gerais, bem longe das capitais! Bigorna não poderia deixar de reconhecer o pioneirismo, a inteligência e a versatilidade deste grande artista da charge brasileira. Sempre em frente, Mauricião!

4) MELHOR CARTUNISTA: SPACCA (JUBIABÁ)
João Spacca é um caso curiosíssimo do humor gráfico brasileiro. Talentoso desde molequinho, passou a adolescência trabalhando em estúdios de animação e em agêcias de publicidade. Ou seja, não tinha intimidade nenhuma com charge política. E mesmo assim, em 1986, ganhou um concurso na Folha de São Paulo para atuar como chargista! E não é que mesmo sendo virgem total no assunto, o garoto deu um show na página dois daquele jornal? Talvez por sua própria falta de intimidade (e de vícios de linguagem) com política, Spacca produzia charges criativas, hilárias, históricas!!! O garoto era literalmente SANGUE NOVO no ramo!!! Arrancava aplausos dos leitores e do dono do jornal que não escondia de ninguém seu apreço e admiração pelo trabalho do novato. Virou um profissional badalado e seu trabalho podia ser visto em dez entre dez revistas da época. Era o próprio Menino-Prodígio! Até que um dia o garoto cansou de fazer charges e resolveu cantar! Obcecado pela obra do roqueiro Cazuza, então recém-falecido, e com um timbre de voz muito semelhante ao dele, Spacca virou cover do astro e passou a fazer shows pelos palcos do Brasil, sendo aplaudido até mesmo por Dona Lucinha Araújo, mãe de Cazuza. Por conta disso ficou uns tempos sumido dos Quadrinhos até que ressurgiu com força total em 2005, ao lancar o aclamado livro Santô,a biografia em Quadrinhos de Santos Dumont. Ressurgiu com um trabalho muito mais maduro e sofisticado, com um grau de competência e beleza digna dos mestres. Aproveitou o embalo e lançou neste ano o maravilhoso Jubiabá, onde mais uma vez deu um show de narrativa gráfica e estética. Com um desenho cada vez mais bonito e admirável, Spacca é o bom filho que a casa torna. Como diz aquela histórica canção: "Ele voltou, agora pra ficar"!!! Fique mesmo, Spacca, e com mais um merecido prêmio na sua genial e insólita carreira!

5) MELHOR BLOG/SITE SOBRE QUADRINHOS: ZINE BRASIL
Chegou a hora dessa mulherada bonita mostrar seu valor! Chegou a hora de reconhecer a batalha e a competência da pernambucana Michelle Ramos, que há cinco anos carrega nas costas um dos sites especializados mais bacanas e tradicionais do mercado. Michelle Maravilha, uma verdadeira heroína do Quadrinho Nacional, entusiasta e apaixonada pela HQB, atualiza o site diariamente e ainda arruma tempo pra criar seus próprios personagens (o Brasileiro), escrever roteiros e editar o gibi virtual Mistureba, onde agregou um punhado de artistas talentosos. Bigorna é um site voltado verdadeiramente para o Quadrinho brasileiro, portanto não podemos ignorar o maravilhoso trabalho de Michelle nesses últimos cinco anos. Parabéns, Michelle! E que venham mais cinco, dez, vinte...

6) MELHOR JORNALISTA ESPECIALIZADO: MARKO AJDARIĆ (NEORAMA)
Marko Ajdarić, o sérbio maluco-beleza, é mais um caso curioso nesse ainda mais curioso mercado (ou devo dizer quitandinha?) nacional de HQs. O cara está há dez anos comendo, bebendo, respirando Quadrinhos e não recebeu um único prêmio até hoje. Pilota o Neorama, provavelmente o site mais repleto de informações sobre HQ que eu tenho notícia, manda newsletter para Deus e o mundo diariamente, organiza eventos bem sucedidos como os Enquadrandos em São Paulo e o Coxias de Caxias, no Rio Grande do Sul (estado onde reside atualmente), e mesmo assim parece que muita gente por ai finge ignorar sua existência. Mas Bigorna, graças a Deus tem vergonha na cara e sabe que é ridiculo querer fazer o publico acreditar que só existem um ou dois jornalistas especializados em HQ no Brasil. Markão é jornalista dos bons e além de manjar tudo sobre Quadrinhos, ainda tem coragem e atitude pra meter a cara e inventar novos projetos que beneficiam o coletivo dos quadrinhistas. Bigorna tem honestidade e hombridade suficiente para reconhecer o valor e a importância deste grande jornalista chamado Marko Ajdarić. Longa vida ao Neorama e ao Markão!

7) MELHOR EDITORA: CONRAD
Fundada pela dupla Rogério de Campos e André Forastieri em meados dos anos 1990, a Conrad (que no início se chamava Acme) atirou para todos os lados, mas foi nos Quadrinhos que ela realmente conseguiu crescer. Foi uma das responsáveis pela popularização dos mangás e animê no Brasil e teve pelo menos um grande fenômeno editorial com a extinta revistinha Herói, que inovou o mercado na época e gerou dezenas de imitações. Boa parte disso se deve a Rogério de Campos, o "lado comics" da dupla, que hoje pilota a Conrad sozinho. Fanzineiro desde garoto, Rogério tentou ser quadrinhista e cantor de rock, mas acabou virando empresário bem sucedido. E graças ao seu talento para negócios e sua paixão por Quadrinhos a Conrad se tornou referência obrigatória para bons gibis, livros e álbuns de HQ, se tornando uma das editoras mais prolíficas do mercado. Com o fim da Opera Graphica, a Conrad parece ser a mais apta a assumir a pole-polisition nessa corrida dos lançamentos nacionais. E pela quantidade e variedade de bons livros e autores brasileiros lançados neste ano, sem dúvida a Conrad faz jus não só a este Troféu Bigorna, mas a todos que já recebeu até hoje. Parabéns, Rogério! O Brasil perdeu um rock-star mas ganhou um grande editor de Quadrinhos!

8) MELHOR EDITORA INDEPENDENTE: VIRGO
Mário Mastrotti é um dos cartunistas mais sólidos e tradicionais do Brasil, cujo personagem Cubinho fez muito sucesso nos anos 1970 e início dos 1980. Até que em 2000, cansado do marasmo do mercado, resolveu montar sua própria editora, a Virgo, e teve a ótima idéia de lançar livros de cartuns cooperativados. Juntou cartunistas de norte a sul do Brasil, e até mesmo de outros paises, e passou a lançar, em ritmo acelerado, livros com o melhor e mais variado humor gráfico contemporâneo. Todos sucesso de vendas, sobretudo a série Tiras de Letra, já no sexto volume. Por tudo isso e mais um pouco, a Virgo merece e muito o reconhecimento do Troféu Bigorna. Se todos tivessem a atitude e seriedade do Mastrotti o Quadrinho brasileiro já tava no Primeiro Mundo faz tempo!

9) MELHOR FANZINE/REVISTA INDEPENDENTE: PORTAL DO ENCANTAMENTO
Se os burocratas egocêntricos que se acham os juízes do Quadrinho brasileiro enxergassem o que acontece do lado de fora de seus umbigos e realmente entendessem um mínimo do assunto, já teriam premiado o psicólogo baiano José Pinto de Queiroz há muuuuito tempo! Queiróz, lá da ensolarada Salvador, publica há quase 20 anos o Portal do Encantamento, o mais importante, bem feito e longevo fanzine brasileiro sobre a Era de Ouro dos Quadrinhos (décadas de 1920 até 1950). O Portal começou modestamente mas logo virou uma publicação muitíssimo bem feita onde Queiroz mantém viva na memória do público todo o esplendor dos Quadrinhos da Golden Age, verdadeiros dias de glória para o gênero, época onde os heróis eram realmente heróis e não esse embaço sem pé nem cabeça pós-Watchmen e Cavaleiro das Trevas. O Portal já rendeu até um livro muito bacana em 1994, verdadeiro item de colecionador nos dias de hoje. Mais do que realizar um inestimável trabalho de preservação da memória, Queiroz funciona também como um professor de História das HQs para as gerações mais novas. Finalmente um prêmio reconhece a importância e valor de Queiroz e os encantos de seu Portal. Quanto aos que não (re)conhecem seu trabalho, não liga não, Queiroz. Freud explica!

10) MELHOR PUBLICAÇÃO DE HUMOR: MAD
Há 35 anos no Brasil a revista MAD é a maior instituição do Humor gráfico brasileiro. Em nenhum outro país, além dos EUA, terra natal da revista, a MAD deu tão certo quanto no Brasil! Originalmente editada pelo cartunista Ota, a revista entreteu várias gerações e influenciou dezenas de cartunistas. Hoje, capitaneada pelo novo editor Raphael Fernandes, a revista vive uma fase simplesmente gloriosa, totalmente renovada com a entrada de um time de cartunistas, ilustradores e redatores de primeira linha. Um verdadeiro renascimento! E para consagrar esta nova fase nada mais justo que reconhecer sua importância na construção da personalidade do humor brasileiro, através de um prêmio! E que a MAD dure pelo menos mais 35 anos!!!

11) MELHOR LIVRO SOBRE QUADRINHOS: FANTASMA, DE MARCO AURELIO LUCHETTI!
Filho de peixe, peixinho é!!! E Marco Aurelio Luchetti e a prova viva disso! Filho de Rubens Luchetti, um dos maiores roteiristas de Quadrinhos do Brasil nos anos 1960 e 1970, Marco puxou o pai e já lançou vários livros analisando a Nona Arte. Neste derradeiro e último livro da já saudosa Opera Graphica, Marco conseguiu simplesmente produzir o maior e mais completo livro no planeta sobre o historico personagem de Lee Falk! Nem na terra natal do Fantasma (EUA, não Bangala) alguém se aventurou a escrever um livro tão extenso e profundo sobre o personagem. Como se não bastasse, o autor e o organizador Franco de Rosa tiveram o preciosismo de reunir TODAS as centenas de capas do gibi do Fantasma publicadas no Brasil! Onde já se viu tamanha façanha com o personagem antes?!? A selva de Bangala está em festa, Mr. Kit Walker e seus antepassados receberam finalmente uma homenagem à altura de sua incomparável saga. E Luchetti e a Opera Graphica recebem também a devida homenagem com este mais que merecido Troféu Bigorna!

12) MELHOR LIVRO DE AVENTURA/OUTROS: ARTLECTOS E PÓS-HUMANOS #3, DE EDGAR FRANCO - EDITORA MARCA DE FANTASIA
Falar do mineiro Edgar Franco é algo tão complexo quanto seu trabalho e sua personalidade. Este virginiano detalhista, compulsivo, filosófico, esotérico, obstinado, alucinado, e sabe-se lá mais o que, produz um Quadrinho tão indefinível quanto incompreensível para os pobres mortais. Quem se atreve a decifrar todos os signos e sinais, todas as mensagens sublimes e subliminares que suas histórias escondem? Só um doido mesmo! E falando em bom português, é exatamente isso que seu trabalho é: o samba new-age do crioulo doido cibernético!!! Algo milhares de anos-luz à frente da nossa compreensão. Mesmo acompanhado de outros autores existencialistas como Henry Jaepelt, Flávio Calazans e Gazy Andraus, ninguém radicalizou tanto na doideira quanto Edgar. O que o torna um fenômeno único no Quadrinho nacional! Um espécime raro de DNA indecifrável!!! Seu último livro, Artlectos e Pós-humanos #3, nao vai agradar ou ser compreendido por qualquer leitor, porém ninguém pode negar que está diante de algo original e, no mínimo, diferente. Por causa disso que Edgar nunca ganhou um único prêmio em seus 20 anos de carreira. Cérebros de geléia não são capazes de entender a importância de Edgar para a vanguarda do Quadrinho nacional e, por que não?, até mundial. Mas nós do Bigorna, somos! Por isso, DEMORÔ!!!! Receba o que já era seu por direito há pelo menos uns dez anos, Edgar! E continue doido. Que de babaca e burocrata o mundo já está cheio!

13) PRÊMIO CONTRIBUIÇÃO À HQB:
1) LIVRARIA COMIX
Tudo começou com uma modesta banquinha numa calçada no bairro dos Jardins, em São Paulo. Dentro da apertada banca, lotada de gibis importados, mal cabia seu dono, o frenético rapazola Carlos Mann. Vendendo seus gibis importados para uma clientela fiel e cada vez maior, Carlos conseguiu comprar junto com a proletária família um velho predinho caindo aos pedaços na Alameda Jaú, proxima à Avenida Paulista, coração de São Paulo. Imediatamente a familia Mann instalou ali a Livraria Comix, no andar térreo do prédio. Quem frequentava ali naquela época mal podia imaginar que aquela instalação tosca e judiada se tornaria em pouco tempo o grande Templo dos fãs de Quadrinhos em São Paulo! Depois de uma reforma radical, o agora charmoso e refinado estabelecimento passou a receber em seus três andares os maiores autores do Quadrinho nacional e estrangeiro em animados lançamentos. Nesses anos todos a Comix deu espaço para zilhões de artistas exporem seus livros e gibis e lancá-los com estrutura profissional. Enfim, foi a primeira livraria de Quadrinhos do Brasil realmente "profissa" e consolidada. Mesmo com tudo que fez por todos jamais foi lembrada num prêmio. Até agora, claro! Bigorna é o primeiro a oferecer uma modesta homenagem a esses  20 anos de apoio ao Quadrinho nacional e ao exemplo de luta e perseverança da familia Mann. Como diria Cazuza (só pra citar o genial roqueiro novamente): "Quem tem um sonho não dança!".

2) PROGRAMA HQ & CIA (CESAR FREITAS)
Alguns se beneficiam do trabalho dos programas especializados em HQ, conquistando divulgação gratuita às suas custas, porém se esquecem completamente de suas existências quando surge a ocasiao de um prêmio. Nessas horas o cinismo dos sorrisos amarelados, as peruices decadentes e as desculpas esfarrapadas imperam. Bigorna e um Prêmio que já nasceu vacinado contra hipocrisias por isso foi o PRIMEIRO a reconhecer que sem os programas de TV e seus corajosos criadores o mercado de HQs estaria dez vezes pior! Os três programas atuais (HQ Além dos Balões, HQ & Cia e Banca de Quadrinhos) levaram o mercado para outro patamar. Deram um ar bem mais profissional para a categoria dos quadrinhistas. Por isso ninguém estranha o fato de Bigorna ser o PRIMEIRO a premiar o trabalho de Cesar Freitas, o guerreiro solitário por tras do HQ & Cia, a exemplo do que ja havia feito no ano passado ao premiar o HQ Além dos Balões, pioneiro dos três. Pra quem nao sabe, Cezinha tira dinheiro do próprio bolso para manter o programa, que já dura três anos, sem apoio ou patrocínio nenhum! Usa seu programa para divulgar TODOS os profissionais de HQ e afins do Brasil, sem discriminar ou esquecer ninguém, e mesmo assim e sempre "esquecido" por muitos "profissionais" a quem deu espaço. Se ingratidão matasse!... Mas há algo de novo no front e aqui está o prêmio que você merece há muito tempo, Cezinha! Sucesso e saúde pra você sempre, man!

3) QUARTO MUNDO
Nao basta ter um boa idéia. É preciso saber colocá-la em prática! E foi  exatamente isso que a rapaziada do Quarto Mundo fez! Juntaram uma porrada de autores independentes pra formar um coletivo de autores, pra mostrar força e causar um auê na mídia. Qualquer boa iniciativa como esta é altamente louvavel e merece os aplausos do Bigorna. Site, aliás, que apoiou o Quarto Mundo desde os tempos em que ainda era apenas um embrião na mente de alguns malucos sonhadores. Parabéns, rapaziada das camisas vermelhas! Como diria um velho camarada de todos nós: "Para o alto e avaaanteeee!".

14) PRÊMIO UMA VIDA DEDICADA AOS QUADRINHOS:
1) RUBENS CORDEIRO
Mestre Rubens Cordeiro é mais um dos pilares fundamentrais da velha (com todo respeito) guarda do Terror Nacional. Junto a Eugênio Colonnese, Nico Rosso e ao chefão Rodolfo Zalla, Cordeiro construiu todo o patrimônio do Quadrinho de terror dos anos 1960, 1970 e 1980. Seu nome está intrinsecamente ligado ao de seus companheiros de traço e geração e ao gênero mais arrepiante das Histórias em Quadrinhos. E assim como seus contemporâneos, Cordeiro nao ficou apenas no terror, mas tambem desenhou Quadrinhos de todos os gêneros possíveis: educacionais, didáticos, folclóricos, históricos, infantis e tudo mais o que se espera de um artista versátil e competente como ele. Foi lido por milhares de leitores de todas as gerações. Por isso mesmo é uma vergonha que não tenha uma estante repleta de prêmios do gênero. Mas essa vergonha está pelo menos minimizada com este Troféu Bigorna. Obrigado por tudo, Mestre Rubens! Quando eu crescer quero ser que nem o senhor!

2) DIAMANTINO DA SILVA
Quando eu era apenas um garotão (ainda mais garotão do que sou hoje), assisti uma palestra do mestre Diamantino e rachei o bico com suas frases espirituosas. Imediatamente saí revirando sebos atrás de seu livro Quadrinhos para Quadrados, o qual guardo com todo carinho até hoje. E qual não é minha surpresa ao constatar que aquele tiozinho figura da palestra continua aí firme e forte até hoje, lançando novos livros e mantendo na praça o seu histórico fanzine Mocinhos e Bandidos, que ele já faz há pelo menos 20 anos e é, de longe, a publicação sobre far-west mais tradicional e longeva do Brasil. Vendo-o do alto de suas quase nove décadas de vida e de sabedoria, eu me pergunto: Quantos prêmios este ícone da categoria dos quadrinhistas recebeu ao longo de sua carreira? Com certeza bem menos do que merecia! De qualquer forma, Bigorna não perdeu tempo e correu fazer sua parte: homenagear este que é uma verdadeira lenda-viva da nossa profissão e deveria ter sua mão beijada por qualquer quadrinhista de qualquer idade tanto como gesto de reverência como para tentar absorver um pouco de sua luminosa energia. Benção, Mestre! E que Deus te conceda ainda muitos anos, muitos livros e muitas cavalgadas pelas pradarias selvagens dos Quadrinhos de far-west! AIOOUUUU, SILVEEEEERRRR!!!

3) ANTONIO LUIZ CAGNIN
O currículo do poderoso Cagnin vai longe: é Doutor em Semiologia da Imagem pela Universidade de São Paulo (USP), professor da área de cinema na ECA/USP,organizador do Núcleo de Pesquisa e Documentação em Histórias em Quadrinhos da ECA/USP, organizador e curador da exposição sobre os 150 anos do nascimento de Angelo Agostini, em 1993, pesquisador da obra de Angelo Agostini e de Aragonês de Farias. E como se não bastasse ainda desenvolve pós-doutorado na Universidade de Sorbonne, em Paris, sob o tema Por uma semiótica e história do sistema narrativo e iconográfico dos Quadrinhos. E mais ainda, o poderoso escreveu na década de 1970 o livro Os Quadrinhos, um dos mais importantes sobre o assunto no Brasil até hoje. Mesmo do alto de muitas décadas de vida, o caboclo continua com pique de garoto, dando aulas, palestras, escrevendo livros, tudo sobre Quadrinhos, lógico! Por toda sua trajetória de uma vida inteira dedicada às HQs, sobretudo a nacional, Cagnin merecia um armário cheio de prêmios. Mas como Bigorna é um so, aceite nossa humilde homenagem, Super Cagnin! VOCÊ TEM A FOOOOORRRÇÇÇAAAAAAA!!!!

4) ÁLVARO DE MOYA
Álvaro de Moya É provavelmente,ao lado de Mauricio de Sousa e Ziraldo, a figura mais clássica e emblemática dos Quadrinhos Brasileiros! Esse tiozão bonachão, sempre com um sorriso maior que a cara, sempre rindo e tirando o sarro de tudo e de todos, é simplesmente uma das figuras-chave para se entender a história da HQB. Afinal, o "homi" foi pioneiro em tudo: realizou em São Paulo, na década de 1950, a primeira exposição de Quadrinhos DO MUNDO! Ajudou a implantar a televisão no Brasil, tendo feito de tudo nessa mídia: escrever, dirigir, produzir e apresentar. Escreveu livros que se tornaram verdadeiras bíblias seminais do ramo como Shazam!, até hoje o mais importante livro sobre Quadrinhos já escrito no Brasil. Entre mil e uma outras façanhas. Homenagear Moya com um Troféu Bigorna, na verdade, não é mais do que uma obrigação. Afinal nenhum de nos estaria aqui hoje fazendo Quadrinhos se não fosse este magnífico empreendedor, que abriu e pavimentou a estrada por onde centenas de outros autores passariam depois. Moya é tão, mas tão importante, que seu nome merecia virar nome de prêmio também. Mas melhor ainda que entregar um prêmio para um mestre dessa magnitutude é saber que posso chamá-lo, além de mestre, também de AMIGO! Dá-lhe, Mestrão!!!

15) HOMENAGEM ESPECIAL: SENNINHA - HQM EDITORA
A HQM chegou modestamente no mercado e devagarinho conquistou seu espaço. Já lançou muita coisa boa e importante para o Quadrinho nacional, como vários álbuns do Leão Negro, da roteirista Cyntia Carvalho, e o livro A Era de Bronze dos Super-Heróis, de Roberto Guedes, livro pioneiro e obrigatório na estante de qualquer conhecedor de Quadrinhos. E um dos gestos mais nobres desta editora foi resgatar o personagem Senninha, que estava sumido das bancas há algum tempo. Mais que um personagem divertido, Senninha é uma verdadeira homenagem a um dos maiores ídolos do Brasil de todos os tempos. E um personagem importante como este não pode ficar longe do público, sobretudo das crianças, até mesmo pelo belíssimo exemplo que representa. Principalmente num momento como este em que se vive uma novo sentimento patriótico, graças ao Pré-Sal e às Olimpíadas de 2016. Valeu, HQM! A nação e a cultura brasileira agradecem!

E esta é a seleção dos premiados da segunda edição do Troféu Bigorna. Lembrando todos que a entrega será dia 5 de dezembro, um sábado, das 14h às 19h, no Bar Blackmore: Al. dos Maracatins, 1.317, bem atrás do Shopping Ibirapuera, em Sao Paulo (SP). Acontecerá durante o Festão anual do Baraldão e terá várias atrações como mágico e caricaturistas divertindo o público e shows com as bandas de rock Exxótica e Cracker Blues, além de salgadinhos, vinho e refrigerante "na faixa". A entrada é franca! O telefone do Blackmore é (11) 5041-9340. NÃO PERCAAAAAAMMMMMMM!!!

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