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Por Eloyr Pacheco 16/01/2009 Lorde Lobo concedeu uma entrevista ao Bigorna.net (leia aqui) quando estava para lançar a revista Penitente. Agora, depois de dois números lançados (com ótima aceitação) e um terceiro número em produção, o LL foi novamente entrevistado. Neste bate-papo feito por e-mail, Lobo comenta sobre seu trabalho, um encontro entre Penitente e Zé do Caixão, e sobre a produção da Penitente. Na sua primeira entrevista ao Bigorna.net, comentamos sobre como surgiu seu interesse por Histórias em Quadrinhos, mas não falamos de sua carreira. Você trabalha com o quê? Comecei trabalhando no Banco do Brasil, aos 16 anos de idade. Financeiramente, era bom, mas era um trabalho bem longe da arte! Depois, fui trabalhar em jornal; mais tarde em gráficas; fui free-lancer para agências de propaganda... Depois, me formei em Educação Artística - Habilitação Artes Plásticas, e cheguei a trabalhar um pouco como professor. Mas me encontrei no jornalismo! Trabalho como jornalista-ilustrador desde 1992, fornecendo ilustrações, cartuns, charges para o Jornal Agora (da cidade do Rio Grande / RS). Também sou editor do caderno semanal infantil deste jornal. É, isso acaba sendo bem legal! Acho que tive muita sorte por ter encontrado um espaço para viver da minha arte! Digamos que sou apaixonado pelo jornalismo ilustrativo, mas meu amor mesmo vai para os Quadrinhos! E como é sua rotina diária? Trabalho de segunda à sexta-feira, frequentando a redação e tal... No domingo, mando a charge da edição de segunda-feira por e-mail mesmo. Mas curto muito estar no jornal. Basicamente, me acordo, vou pro jornal, passo a ler muitas notícias (até ler uma que renda uma charge). Às vezes um repórter me pede uma ilustração. Ao mesmo tempo, fico trabalhando na próxima edição do Agorinha, que sai todas as segundas, encartado no jornal. Faço contato com os colaboradores, defino pautas, marcamos entrevistas e tal... Também sou eu que faço todas as ilustrações e passatempos desse caderninho. Nesse meio-tempo, fico conectado à Internet e aproveito todo e qualquer tempo que sobra para tratar de Quadrinhos, com os amigos e colaboradores da revista do Penitente! O que você acha da Internet: uma plataforma para os Quadrinhos, os chamados WebComics, ou apenas um canal de divulgação? Pode funcionar das duas formas! O HQ Nado é um exemplo legal de como aproveitar as HQs na Internet. Mas ainda sou mais interessado pelo material impresso! Mas a Internet me é um importantíssimo e até fundamental meio de contato com outros quadrinhistas e de divulgação. Depois de dois números lançados da revista Penitente, que avaliação você faz? Ainda é muito pouco para poder avaliar! Na verdade, estou deixando isso para os leitores. Minha meta é lançar as 10 edições que já estão escritas e só depois dar uma avaliada! Para mim, o momento agora é de baixar a cabeça e fazer a revista acontecer (com a ajuda indispensável dos colaboradores, é claro)!!! E, de um modo geral, o que os leitores estão dizendo sobre a Penitente? Cara, a coisa tem me surpreendido positivamente! São muitos os elogios e incentivos dos leitores; muitas dicas legais de gente mais experiente que eu e, principalmente, a cada dia que passa, mais talentos nacionais estão querendo se juntar ao título! Acho que isso são sinais de que a coisa tá indo bem! Ah, claro, outro sinal são as vendas, que estão indo bem... sinal de que os leitores estão comprando e, espero, curtindo! Em quanto tempo você pensa lançar estas 10 edições? Minha meta era lançar 3 edições por ano... Em 2008 não foi possível, mas pretendo que agora, em 2009, eu consiga... Mas se a coisa começar a melhorar, a periodicidade pode diminuir... Por isso, não tenho um tempo fixo em mente, tudo depende muito! Mas não dá pra parar! Isso não! Na verdade, como este período é de investimento, não me preocupei muito com isso! Me preocupo mais em buscar patrocínios que banquem o custo de impressão! Se as vendas ajudarem nisso, melhor! Se não, continuaremos na batalha! Nem tenho sequer o direito de desistir, devido ao número de pessoas que estão acreditando e investindo suas artes no Penitente! De um jeito ou de outro, estas 10 edições serão publicadas (no mesmo padrão que estão as duas primeiras edições: formato americano, totalmente em cores, mas com apenas 20 páginas ao todo... é o que dá pra fazer). Como andam os projetos com o personagem? Então... além das 10 edições já escritas, que estão sendo produzidas enquanto trocamos estas palavras, existem também outros planos para o personagem, como os encontros com outros heróis nacionais. São propostas legais que foram surgindo aos poucos! Estamos ainda trabalhando num álbum do personagem, contando suas aventuras, mas antes dele se tornar o Penitente, ou seja, quando ele estava vivo. Por enquanto, só eu e Edvanio Pontes estamos escrevendo isso. Pode falar um pouco mais sobre os projetos, especialmente os crossovers, ou ainda são segredos? (risos) O Samicler está se tratando e se recuperando, mas ele nos deu um baita susto, hein?! O que achou dele ter ganho o Troféu Bigorna como melhor desenhista? Rapaz, e que susto!!! Este ano foi de muitas partidas! Perdemos grandes nomes dos Quadrinhos nacionais, o que nos entristeceu muito! Ainda bem que Samicler continua aqui conosco! Tenho um grande carinho e verdadeira admiração por este cara! Samicler tem me sido um grande exemplo e incentivador! Sobre ele ter ganhado o Troféu Bigorna de Melhor Desenhista, bem, sendo esta a primeira edição da premiação, posso dizer que não poderia ter estréia melhor! Voltando aos encontros! Eu fico muito feliz pelo meu personagem estar nesta lista, mas, o encontro do Zumbizão com o Zé do Caixão deve chamar muito a atenção! O que você pode nos adiantar sobre esse encontro? Qual foi o papel do Laudo nessa negociação? Foi ele quem conversou com o Mojica! O mérito é dele! O Laudo é um outro artista que admiro pacas! Laudo e Omar são OS caras!!! E como você acertou o pagamento de royalties para o José Mojica Marins? Pagamento de quê?! Hê! Hê! Hê! Olha, até onde eu sei, não vai rolar isso, não! Até porque, não tenho como pagar nada! O lance é apenas de troca de gentileza entre cavalheiros! Apesar de fazer a revista do Penitente da forma mais profissional possível, em síntese, ela não passa de um fanzine! E não me envergonho nem um pouco disso! E o que mais você pode comentar sobre os outros encontros? Como falei acima, neste momento há um encontro em produção (com o Caveira) e dois escritos (com a Penitência e com a Nova)... os demais estão apenas na intenção de que venham a ocorrer. Sei que o momento é de criação de mercado, mas, com tanta gente envolvida nos projetos do Penitente e trabalhando contigo na produção, como você pensa em remunerar esse pessoal? O que você acha do movimento “quarto-mundista”? Acho bem legal! Muito bem organizado! Tem tudo para dar certo! Acho tão bacana e acredito tanto no projeto que faço parte dele! No que o Quarto Mundo ajuda na produção da revista Penitente? Na produção propriamente dita, nada! A ajuda do Coletivo Quarto Mundo vem no pós-produção, ou seja, na distribuição e divulgação da revista! Os caras agitam bastante e, pelo fato de muitos deles morarem em São Paulo, estão sempre presentes nos grandes eventos que por lá comumente acontecem! Sem falar que são caras bacanas, que estão nessa batalha há um bom tempo, e são pessoas conscientes e engajadas! Por falar no Quarto Mundo, Lobo, o que você tem lido ultimamente? Tenho acompanhado muita coisa! Tanto que praticamente parei com as produções importadas, com raras exceções, como algumas minis e tal. A vantagem é que tenho permutado muita coisa! Tenho todas as edições do Cometa, todas as dos Guerreiros da Tempestade, Tempestade Cerebral, Liga do Cerrado, Defensores da Pátria, Ecos Sombrios, Arena, Alexandria, Brado Retumbante e vários títulos da Velta. Sem falar nos muuuuuuuitos fanzines legais!!! Leitura boa de Quadrinhos não tem me faltado! Destas revistas que você mencionou, qual você considera promissora, com maiores possibilidades de mercado? Acho que todas são promissoras, mas se for levar em conta o número de títulos lançados, a experiência, o conhecimento de mercado e a capacidade artística, sem dúvida alguma que aposto no Cometa, do Samicler! Mas repito, gosto e torço por todos os demais títulos! O maior problema dos produtores independentes ainda é a distribuição, não é mesmo? Penso que este é UM dos maiores problemas! Hê! Hê! Hê! Certamente que é um grande problema! Tão prejudicial quanto não haver uma grande editora acreditando nos nacionais! Outro grande problema da produção nacional é essa mania de esperar que as coisas aconteçam, de ficar reclamando, de se sentir injustiçado! Ficar posando de coitadinho é um GRANDE problema dos produtores nacionais! Penso que temos que parar de choramingar e passar a colocar a mão na massa! E tem muita gente fazendo isso, desde caras como o grande Emir Ribeiro - que está há anos e anos na batalha - até caras da minha geração, como o próprio Samicler Gonçalves, Diogo T.C., Nel Angeiras, Rafael Tavares, Anísio Serrazul (que no momento tá um tanto parado com os Guerreiros da Tempestade, mas que é um cara que curto muito também) e tantos outros. Por aqui, só tento fazer a minha parte! Luto pelo que acredito e me uno às pessoas que acreditam também! Espero que seja um ano legal para a produção nacional! Tem muita gente boa chegando, muitos títulos para serem lançados! Tem tudo para ser legal! Obrigado, Lobo, pela entrevista. E parabéns pelo trabalho com o Penitente que, em pouco tempo, já é uma referência no meio independente. Obrigado a ti, Eloyr, por me dar esta oportunidade mais uma vez! Aqui no Bigorna, me sinto em casa! E por falar nisso, também em pouco tempo o Bigorna se tornou um referencial de sites sobre Quadrinhos!!! O Bigorna.net agradece a Lorde Lobo pela entrevista, realizada por e-mail e finalizada no dia 6 de janeiro de 2009. |
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