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Por Marcio Baraldi 29/01/2007 Um raio-x completo na carreira do maior fenômeno do Quadrinho pornô brasileiro em todos os tempos O homem invisível que fez o país gozar
Tudo isso era distribuído num festival de posições sexuais capaz de aposentar o Kama Sutra. E naturalmente em suas HQs nunca faltava aquele que, na época, já era a preferência nacional: o sexo anal. Olhando hoje, depois da liberdade sexual vivenciada nas últimas décadas, Zéfiro pode parecer água-com-açúcar, mas não é! Nos anos 1960, em plena ditadura militar, Zéfiro desafiava a repressão espalhando clandestinamente pelo território brasileiro suas revistinhas deliciosamente explícitas tais quais minas eróticas, prontas para explodir o moralismo verde-oliva do horroroso governo militar. Era um verdadeiro guerrilheiro erótico invisível, chutando o balde do conservadorismo e fazendo o brasileiro gozar de norte a sul do país! Zéfiro retratava um sexo livre e sem culpa e era quase um herói nacional da rapaziada. E ao mesmo tempo completamente desconhecido! Ninguém sabia quem ele era, onde morava, de onde vinha... Um mistério total!!! O Anti-estilo
Enfim desmascarado!!! Zéfiro produziu mais de 800 catecismos entre o final dos anos 1950 e início dos 1970. Na década de 1980, já com o fim da censura, seus trabalhos antigos continuaram a ser reimpressos por diversas editoras. Livros, artigos e até teses de mestrado foram escritos a seu respeito, porém, nunca mais aparecerem novos trabalhos dele. Teria Zéfiro morrido? A resposta só chegaria em novembro de 1991. Em uma antológica matéria para a revista Playboy, o professor e especialista em Quadrinhos Moacy Cirne, depois de muitas investigações, revelava finalmente ao Brasil a identidade secreta do mitológico desenhista: seu nome era Alcides Caminha! Um ilustre desconhecido? Nem tanto. Como se não bastasse ser o homem que registrou de forma brilhante e criativa a sexualidade do povo brasileiro por três décadas, Caminha também era um compositor de mão cheia. Foi parceiro de Nélson Cavaquinho em canções como Notícia (1954), gravada pelo sambista Roberto Silva, Capital do Samba (1956) e A flor e o espinho (1956), gravada por Eliseth Cardoso. Boêmio convicto, este carioca dividiu parte de sua vida com os amigos músicos e com muitas mulheres. Amava tanto o sexo que tornou-se um dos seus mais originais e inventivos cronistas. Funcionário público, produziu sua obra erótica sem o conhecimento dos colegas do trabalho até se aposentar, e por mais de trinta anos escondeu-se da mídia, temendo ser demitido ou perder a minguada aposentadoria caso fosse “descoberto”. Caminha chegou a receber um Troféu HQ Mix pela importância de sua obra, entregue pelo cartunista Ota, editor da revista MAD, mas por uma ironia do destino faleceu exatamente no dia seguinte à entrega do prêmio, em julho de 1992, aos 70 anos de idade. “Faleceu” entre aspas, porque Caminha era Carlos Zéfiro e Carlos Zéfiro é como o próprio tesão, não morre jamais! Punhetas pra ele que ele merece!!! A importância de Zéfiro é tão grande para a cultura brasileira que ele já virou capa do CD Barulhinho Bom, da cantora Marisa Monte, já foi enredo de escola de samba e virou point cultural no Rio de Janeiro. Agora você pode matar as saudades ou travar contato inicial com sua obra através das reimpressões de seus catecismos que o sebo carioca A Cena Muda está colocando a venda através de seu site. Também vale muito a pena procurar por dois livros que registraram e analisaram a obra zefiriana com muita competência: O Quadrinho Erótico de Carlos Zéfiro (imagem acima), de Otacílio D’assunção Barros, editora Record, e A Arte Sacana de Carlos Zéfiro, de Joaquim Marinho, Editora Marco Zero. |
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