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Por Eloyr Pacheco 24/08/2005 Sempre soube da força que o quadrinho nacional tem ao seu dispor: as lendas, o folclore e as biografias de personagens fortes e carismáticos, como, nesta obra, Lampião. O quadrinhista Wilson Vieira, aparentemente, já sabia disso muito antes de mim. E, assim, criou um projeto que tomou muitos anos de sua vida, contar a história de Lampião em quadrinhos. Cangaceiros - Homens de Couro (formato 16 x 23 cm, 104 páginas) teve sua produção iniciada em 1985 e só foi lançado em 2004 pelo CLUQ - Clube dos Quadrinhos, através do selo Coleção Mandacaru. Wilson, levado a pesquisar e reunir subsídios para a sua história, chegou a conhecer Vera Ferreira, neta de Lampião e Maria Bonita e o Dr. Antonio Amaury Corrêa de Araújo, uma das maiores autoridades sobre Cangaço, que o incentivaram a perseverar. Em 1997, o escritor conseguiu ter seu projeto aprovado na Lei Rouanet, mas não conseguiu patrocínio para lançar a obra. O ano de 1998, centenário do nascimento de Lampião, passou em branco. Cangaceiros - Homens de Couro, ilustrado por Eugênio Colonnese com capa de Mozart Couto, narra os primeiros 22 anos da vida de Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro Lampião. Wilson Vieira às vezes parece ser didático (devido à sua grande pesquisa) ao contar a história de Lampião e, às vezes, apaixonado pelas nossas raízes (ele viveu anos na Itália) ao incorporar a lenda da Mula Sem Cabeça em seu roteiro. Aliás, esse é um plano do roteirista, mostrar uma lenda do nosso folclore em cada capítulo da saga. Mais uma ousadia do quadrinhista: ele pretende produzir 20 volumes com a história do Rei do Cangaço. Nesta edição, a passagem onde o cachorro Índio salva o menino Lampião de uma onça é especial. O storytelling é perfeito. Com o passar do tempo o adolescente Lampião torna-se um grande vaqueiro e isso também é mostrado de forma agradável e atraente. Sem super-poderes, diante dos nossos olhos o personagem torna-se verossímil - como de fato deveria ser, pois ele realmente existiu e faz parte de nossa história - através de uma narrativa precisa e conduzida de forma competente. O clímax também é bem arquitetado e nos deixa ansiosos por um novo episódio da história. Já Colonnese, humildemente, se deixa levar pelo roteiro e cumpre seu papel, simplesmente, preocupado em apenas narrar a ótima história que tem em mãos.
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