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Mestres do Quadrinho Nacional: Carlos Estêvão
01/07/2005

Carlos Estêvão (1921-1970) foi o criador do imortal personagem Dr. Macarra. Mas se o personagem é imortal, por certo que imortal também se tornou o seu criador. Estêvão foi o autor de memoráveis séries de caricaturas, extremamente populares, que estão hoje incorporadas à nossa cultura.

Pernambucano do Recife, nascido em 16 de setembro de 1921, Carlos Estêvão de Souza, seu nome civil, desenhou desde menino, iniciando-se muito jovem, na sua cidade natal, fazendo desenho técnico. Aos 20 anos partia para o Rio de Janeiro em busca de aperfeiçoamento e melhores oportunidades, e na então capital do país o pintor Augusto Rodrigues, seu conterrâneo ilustre, ajudou-o, conseguindo-lhe trabalhos avulsos como colaborador de revistas cariocas. Estava desse modo estabelecendo o seu primeiro contato com um grande centro editorial e artístico, campo fértil para exercer a sua atividade criadora.

Fred Chateaubriand, diretor dos Diários Associados, deu ao artista pernambucano a sua primeira grande chance na imprensa brasileira ao convidá-lo para formar a equipe do Diário da Noite, vespertino no qual passou a publicar uma caricatura diária, transferindo-o, a seguir, para o matutino O Jornal, órgão líder dos Diários Associados. A originalidade do seu traço e seu fino humor logo atraíram a atenção dos leitores, o que representou um passo seguro em direção ao reconhecimento de seu talento pelo grande público.

Foi, porém, em outro veículo do mesmo grupo jornalístico, O Cruzeiro, que ele iria obter esse reconhecimento pleno de seu valor, consagrando-se nacionalmente. Nessa revista, na época a maior do país em tiragem e que chegou a ter uma edição também em língua espanhola, Carlos Estêvão manteve durante anos uma colaboração regular semanal de duas páginas inteiras. E foi ainda nessa mesma revista que ele continuou, com o mesmo sucesso, a série Amigo da Onça, após a morte de Péricles, autor do famoso personagem.

A participação de Carlos Estêvão na imprensa brasileira terminou com o seu falecimento, em 14 de julho de 1970, em Belo Horizonte, para onde transferira residência, passando a publicar suas charges no diário Estado de Minas.

Historiador máximo da caricatura no Brasil, o escritor cearense Herman Lima definiu o humorismo de Carlos Estêvão como sarcástico, visando principalmente às fraquezas humanas e explorando as situações absurdas da vida. Era esse de fato o seu estilo, quer como chargista político, quer como genial criador de diversas séries de caricaturas que se tornaram célebres. Foi assim a série Dr. Macarra, personagem com uma explicação sempre pronta para os seus fracassos na vida; Ser Mulher, focalizando aquele conhecido tipo de mulher feia porém coquete; Antes e Depois, na qual satirizava o casamento; e Perguntas Inocentes, divertidíssimo ensaio sobre o óbvio, seguramente uma das suas melhores criações.

Esse foi Carlos Estêvão, um artista que marcou definitivamente sua presença no panorama da caricatura brasileira, deixando como legado uma vastíssima obra.

Biografia publicada originalmente no livro Carlos Estêvão Apresenta: Dr. Macarra - Um Playboy na FEB e outras histórias, publicado pela Record em 1981.

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